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NYFF inclui novos títulos restaurados na “Revivals”

Publicado em: 25 de agosto de 2014 por CPCB Nenhum Comentário

por Carlos Augusto Brandão

O Festival de Nova York (26.09 a 12.12) divulgou os novos filmes que farão parte da Mostra Revivals, que se caracteriza por trazer de volta aos espectadores filmes recém-restaurados.

Além de alguns títulos de diretores consagrados, o anúncio inclui filmes que completam a retrospectiva de Joseph L. Mankiewicz: The Essential Iconoclast, que fará parte desta 52ª edição do evento.

Dos novos filmes divulgados, entre os mais aguardados estão:

Um Certo Capitão Lockhart  (The Man from Laramie) (1955), de Anthony Mann. Estrelado por James Stewart, é um dos primeiros filmes de faroeste a ser filmado em CinemaScope. Poderoso visualmente e emocionalmente intenso, o faroeste em Technicolor tem belíssimas locações no Novo México. Stewart interpreta um estrangeiro investigando as circunstâncias da morte do seu irmão. A produção foi a última colaboração de Stewart com Anthony Mann e é um dos melhores filmes da dupla.

A Estalagem Maldita (Jamaica Inn) (1939), de Alfred Hitchcock, último filme da fase britânica do cineasta inglês.  Estrelado por Charles Laughton e Maureen O’Hara, então com 18 anos – e adaptado de um livro de Daphne du Maurier – o filme  é uma história de assassinatos na  Cornish Coast.  Após anos sendo visto apenas em vídeo, Jamaica Inn foi agora restaurado no seu esplendor original pela Cohen Media.

Moana with Sound (1926 /1980), um filme projeto combinando os esforços de Robert Flaherty e Francis Hubbard.  Em 1923, Robert Flaherty e sua esposa Frances foram à ilha Savai’i, na Polinésia, para fazer um filme que, como Nanook, o Esquimó (Nanook of the North), capturava os rituais e modos de vida do povo Samoan.  Eles levaram sua filha Monica, então com 3 anos, que retornou a Savai’i em 1975 com Ricky Leacock para criar uma trilha sonora para o filme dos seus pais, cuidadosamente sincronizada com as imagens. O filme, que estava inacabado, foi finalizado em 1980, mas os elementos da película eram inferiores ao original. O preservacionista e curador Bruce Posner e o diretor Sami Van Ingen fizeram a remixagem num novo 2K a partir dos materiais em 35mm.

A Night of Storytelling, de Robert Flaherty (1935). Filmado por Flaherty, quando ele estava fazendo a pós produção de som para o seu clássico Man of Aran, o curta-metragem com 12minutos foi considerado perdido por décadas, até que uma cópia em nitrato foi encontrada em Houghton Library em Harvard. O raro e importante filme foi restaurado e preservado pelo Harvard Film Archive, em colaboração com Houghton Library e Harvard’s Office of the Provost

Contos de Hoffmann (The Tales of Hoffmann) (1951), de Michael Powell e Emeric Pressburger.  O filme é a versão dos realizadores para a ópera do compositor francês Jacques Offenbach (1881), baseada em três histórias passadas no final do século 18 e início do século 19. De alguma forma, não deixa de ser  uma artística sequência de Os Sapatinhos Vermelhos (The Red Shoes), dirigido por Powell em 1948.  O filme estava guardado com a viúva de Powell, a montadora Thelma Schoonmaker, que supervisionou os trabalhos de restauração.

A Mostra Joseph L. Mankiewicz: The Essential Iconoclast dedicada ao cineasta,  foi acrescida de raros títulos, que incluem:  O Solar de Dragonwyck (1943), filme de estreia do diretor, uma história de obsessão estrelando Vincent Price e Gene Tierney; Charada em Veneza (1967), comédia de humor negro, sobre  um homem (Rex Harrison) que elabora uma brincadeira com três mulheres (Susan Hayward, Edie Adams e Capucine);  Sangue do Meu Sangue (1949), com Edward G. Robinson vivendo um patriarca traído por seus filhos; Tenho Direito ao Amor (1947) estrelado por Ronald Colman; e Um Americano Tranquilo  (1958), adaptação do livro de Graham Greene, com Michael Redgrave e Audie Murphy.

Conforme anunciado previamente, vários clássicos restaurados da filmografia de Mankiewicz fazem parte da retrospectiva.  Entre outros:   A Malvada (1950), A Condensa Descalça (1954), Cinco Dedos (1952),  O Fantasma Apaixonado (1947), Eles e Elas (1955), Quem é o Infiel? (1949) e  Júlio Cezar (1953).

NYFF mostra clássicos restaurados de Mankiewicz e Leone

Publicado em: 5 de agosto de 2014 por CPCB Nenhum Comentário

Por Myrna Silveira Brandão

Desde a edição passada, o Festival de Cinema de Nova York apresenta uma Mostra intitulada “Revivals”, com filmes recém-restaurados que são relançados durante o evento.

A mostra se caracteriza por trazer de volta aos espectadores filmes recuperados, na forma de um retorno, um voltar à vida de forma nova e diferente.

Na edição 2014  (26.09 a 12.10), a “Revivals” terá como destaque  uma retrospectiva de Joseph L. Mankiewicz, com clássicos de sua filmografia que inclui: A Malvada (1950), A Condensa Descalça (1954), Cinco Dedos (1952),  O Fantasma Apaixonado (1947), Eles e Elas (1955), Quem é o Infiel? (1949) e  Júlio Cezar (1953), entre outros.

Um dos mais conhecidos e, em boa hora restaurado,  é A Malvada, grande atuação de Bette Davis no cinema. Ela interpreta Margo Channing –  uma diva da Broadway, com 40 anos e dificuldades na carreira por não conseguir mais papéis de destaque – que se vê ameaçada por  Eve Harrington (Anne Baxter) uma suposta fã que fará tudo para o tomar o seu lugar.

O Fantasma Apaixonado é outro título bastante aguardado. O filme não despertou muita atenção na época do seu lançamento, mas agora está sendo redescoberto.

A história se passa no século XIX e segue Lucy Muir (Gene Tierney), uma jovem inglesa que após ficar viúva, decide mudar-se juntamente com sua pequena filha Ann (Natalie Wood, com cinco anos, estreando no cinema) para uma antiga casa a beira mar.

Depois de instalada, percebe que sua nova residência é assombrada pelo fantasma de seu antigo dono, o Capitão da Marinha Daniel Gregg (Rex Harrison), que acaba se apaixonando por ela.

A fotografia de Charles Lang capta brilhantemente o clima da história, bem como a ótima trilha sonora de Bernard Hermann.  O perfeito equilíbrio, tanto nas cenas cômicas quanto dramáticas é outro ponto alto do filme.

Mankiewicz, que começou escrevendo roteiros no fim da era muda e os produziu para a MGM em meados da década de 30, é agora lembrado pelos extraordinários filmes que escreveu e dirigiu entre 1946 e 1972.

Outro destaque da Revivals é uma sessão especial com Era uma Vez na América, do diretor italiano Sérgio Leone. O filme foi recentemente restaurado pela Cinemateca de Bolonha, numa versão que inclui 22 minutos de imagens, que nunca foram mostradas.

O clássico foi objeto de uma grande reconstituição procurando estar o mais próximo possível das intenções de Leone, que faleceu em 1989.  A versão de 139 minutos, lançada originalmente nos Estados Unidos, era uma manta de retalhos: trocava a ordem das cenas e excluía diversas sequências importantes contendo flashbacks que tornavam difícil o entendimento pelos espectadores.

Bastante conhecido e uma das obras primas do cinema, o filme é a história de quatro amigos que crescem juntos, tornando-se gangster. Já na idade adulta, Noodles (Robert De Niro) tenta impedir Max (James Woods ), de assaltar o Federal Reserve Bank, mas o ambicioso amigo não recua.  Noodles então o denuncia à polícia, o assalto fracassa, companheiros são mortos e ele foge de Nova York, suportando um sentimento de culpa durante 30 anos. Recebe uma misteriosa carta que o faz regressar, momento em que revisita suas memórias.

Ao fazer o anúncio da Mostra, Kent Jones, diretor do NYFF, ressaltou que é  sempre importante revisitar filmes, em novos contextos.

“Para experimentar o cinema de Joseph L. Mankiewicz,  dentro do que está acontecendo agora, é preciso vê-lo dentro de uma nova perspectiva,  com toda sua complexidade, sua riqueza de detalhes, sua beleza extraordinária, seu bom humor árido, seu esplendor satírico e seu profundo entendimento da natureza humana”, atesta Jones em sua segunda edição à frente do evento, após substituir Richard Peña, que dirigiu o festival por 25 anos.

O NYFF, que está na sua 52ª edição se caracteriza por exibir uma seleção do que de melhor aconteceu no ano na área cinematográfica, mesclando essas sessões com clássicos do passado.